Recordando...Iordanov

Ivaylo Iordanov foi apresentado em Alvalade no dia 13 de Junho de 1991 durante um Meeting de Atletismo. Era a vez do ucraniano Sergei Bubka fazer o seu salto quando surgiu no relvado o então presidente do Sporting, Sousa Cintra com o novo reforço leonino...Ivaylo Iordanov! Um nome que iría ficar na história...

Iordanov nasceu a 22 de Abril de 1968 em Samokov na Bulgária. Cedo se percebeu que o seu futuro seria ligado ao desporto e foi com naturalidade que Iorda ingressou nas escolas do clube da sua terra natal, o Rilski Sportist. Depois de despontar nas camadas jovens do Rilski, Iorda, com 14 anos apenas, estreou-se pelos séniores e desde aí nunca mais parou de jogar no escalão sénior.

Manteve-se no Rilski por 7 épocas até se mudar, aos 21 anos, para o Loko Gorna, uma equipa que na altura estava na 1ª divisão do campeonato búlgaro e que actualmente joga na zona norte da 3ª divisão búlgara. Jogou durante duas épocas no Lokomotiv e apontou 21 golos, ajudando assim o Loko Gorna a alcançar o 9º lugar e garantir a presença na Taça Intertoto (que viria a ganhar na época seguinte já sem Iordanov).

No Verão quente de 1991, Iordanov mudou-se para Alvalade para ser treinado por Marinho Peres. Na altura, o Sporting tinha uma constelação de estrelas no balneário: Ivkovic, Luisinho, Venâncio, Paulo Torres, Litos, Peixe, Figo, Balakov e Jorge Cadete.

O seu estilo de jogo estava longe de ser parecido com o jogo tecnicista dos seus compatriotas Balakov, Stoichkov, Letchkov ou Kostadinov, mas Iorda, tinha uma qualidade que os outros não tinham e que mais tarde viria a fazer dele uma lenda para os lados de Alvalade, a sua paixão ao jogo! Iordanov era um ponta-de-lança com fracos recursos técnicos, mas o seu fácil remate com qualquer pé e de qualquer sítio faziam dele um avançado temível, a forma como disputava todos os lances de cabeça também faziam mossa em qualquer defesa.

Nas três primeiras épocas de leão ao peito, o Sporting ficou em 4º,3º e 3º, mas mesmo assim Iordanov foi chamado por Dimitar Penev para o Mundial 94' nos EUA. E que Mundial esse...

Iordanov fez parte de uma das maiores supresas de sempre num Mundial, uma selecção que contava com grandes jogadores no pico da sua carreira: Mihaylov (ex Belenenses), Ivanov, Iankov, Hubtchev, Kostadinov, Balakov, Stoichkov e Letchkov. Neste Mundial Iordanov actuou como médio-defensivo em quase todas as partidas e o resultado foi muito bom. A Bulgária ficou em 2º no Grupo D atrás da uma outra surpresa, a Nigéria, e à frente da Argentina de Diego Armando Maradona e da Grécia. Nos 1/8 Final eliminou o México e nos 1/4 Final tirou a campeã do Mundo na altura, a Alemanha, da prova e foi eliminada finalmente nas meias-finais pela Itália com um bis de Il Codino Divino, Roberto Baggio! Esta selecção búlgara será recordada para sempre com muita saudade!

Ultrapassado o Mundial de sonho, Iordanov voltou a apontar baterias para o Campeonato português de 94/95. Fez parte de mais uma equipa de luxo do Sporting. Que eu me lembre, nunca vi uma equipa do Sporting com tantos nomes sonantes: Lemajic, Marco Aurélio, Valckx, Naybert, Nélson, Peixe, Figo, Dani, Amunike, Juskowiak, Sá Pinto, Oceano, Vujacic e Jorge Cadete. O treinador era Carlos Queiroz e era ele que punha esta equipa a jogar um futebol fantástico! Em 94/95 o Sporting tinha tudo para ser campeão, mas encontrou um FC Porto demasiado forte que não deu a mínima hipótese (34 J, 29V,4E e 1D). O Sporting ganhou a Taça de Portugal ao Marítimo com um bis de Iordanov, naquele que foi o último jogo de Bala e Figo com a camisola leonina.
Em 1997, foi-lhe diagnosticado uma doença grave que poderia antecipar o fim da carreira ao menino querido dos adeptos leoninos, Esclerose Múltipla, uma doença que ataca o sistema nervoso central e pode-se manifestar nos olhos, braços ou pernas. Iordanov só pensava no Mundial de 1998, por isso batalhou com todas as forças contra a doença e conseguiu continuar a jogar futebol. Foi convocado por Hristo Bonev para o França 98', mas o Mundial já não correu tão bem. Iordanov fez dois jogos completos como defesa-central e com o número 5 nas costas em três possíveis, e a Bulgária foi mais cedo para casa depois de ter calhado no grupo da morte: Espanha, Nigéria e Paraguai.

Em 1998/1999 fez aquela que podemos considerar a sua melhor de sempre ao serviço do Sporting. Treinado por Mirko Jozic, o Sporting praticou um futebol muito vistoso, tendo sido roubado como nunca tinha acontecido e terminado o campeonato em 4º. Nesta equipa pontificavam: Marco Aurélio, Beto, Quiroga, Rui Jorge, Vidigal, Delfim, Pedro Barbosa, Duscher, Simão Sabrosa, Edmilson, Leandro e Acosta. Iordanov foi o melhor marcador da equipa com 13 golos e desde aí nunca mais voltou a ser o mesmo.

Em 1999/2000, como capitão de equipa, Iordanov cumpriu o seu maior sonho: ser Campeão Nacional, pelo clube que o adoptou como herói. A doença começou a atacar e Iordanov começou a contribuir cada vez menos com o seu futebol, mas cada vez mais com o seu espírito de sacrifício e liderança no balneário leonino. Nos festejos do título no Marquês de Pombal, foi Iordanov que colocou um cachecol do Sporting no leão do Marquês de Pombal!

Retirou-se no final da época de 2000/2001 e assumiu o comando da equipa B leonina. Saíu mais tarde do Sporting por divergências e voltou para a Bulgária. A sua filha, Maria, continua a viver em Lisboa com a mãe e Iorda viaja frequentemente para Lisboa para estar junto desta e dos amigos que deixou em Portugal.

No dia 5 de Maio de 2010, Iordanov será homenageado em Alvalade com um jogo onde participarão inúmeras estrelas: desde colegas de balneário do Sporting e da selecção búlgara, a rivais de outros clubes que sempre expressaram admiração por Ivaylo!

Será recordado para sempre como um dos maiores leões que vestiu a camisola do Sporting!
Nome completo: Ivaylo Stoimenov Iordanov
Alcunha: Iorda
Nacionalidade: Búlgara
Data de Nascimento: 22 de Abril de 1968
Carreira como jogador:
1982-1989 Rilski Sportist 199 (23)
1989-1991 Lokomotiv Gorna 51(23)
1991-2001 Sporting CP 183 (55)

Selecção Búlgara: 50 jogos e 3 golos

Competições Internacionais:

Campeonato do Mundo 1994 (EUA)
Europeu 1996 (Inglaterra)
Campeonato do Mundo 1998 (França)

Títulos:

Taça de Portugal 1994/1995
Campeão Português 1999/2000

11 Passes de rotura:

LMC 29 de abril de 2010 às 01:27  

Lembro me de ter ido dar 2 à luz, com a dupla búlgara a fazer estragos.
Bala fez um chapéu do meio da rua ao Saint Michel,e 2 minutos a seguir Iorda fuzila as redes com um potente remate!
O jogo foi repetido no Estádio do Restelo, mas a repetição acabou por ficar sem efeito.
Eu pessoalmente nunca gostei muito dele, nunca esteve nos meus 5 jogadores preferidos do SCP.

João S. Barreto 29 de abril de 2010 às 01:57  

Tomás uma excelente crónica, de uma jogador que bem merece o reconhecimento.

Concordo com o LMC, nunca o considerei um grande jogador, mas sempre o admirei pela qualidade contante com que fazia diferentes posições e pela entrega e dedicação ao clube que sempre teve. Respeito sempre os jogadores que têem profissionalismo e que dão tudo pela camisola que vestem. Iorda era um grande exemplo disso mesmo, e o episódio do cachecol é muito simbólico, até para mim que sou Benfiquista.

Essa selecção búlgara era fantástica, mudou muito pouco a estrutura durante alguns anos e beneficiou disso mesmo na grande campanha que fez no Mundial. O barbudo Ivanov é mítico!

Pedro Veloso 29 de abril de 2010 às 10:39  

Tomás excelente post quando se aproxima esse jogo há muito reivindicado pelo próprio Iordanov.

Champal bem lembrado esse jogo, grande golaço do Bala. Aliás foi um jogo cheio de incidências, a expulsão por engano do Caniggia e o JVP partiu uma perna em lance com o Costinha (sem culpa do guarda-redes).

Iorda também concordo, não era grande goleador (os números mostram-no) mas de uma polivalência e profissionalismo a toda a prova. E muito querido entre a massa associativa sportinguista, corrijam-me se estiver enganado mas só ao nível do Sá Pinto, não?

Para mim o mais mítico dos búlgaros era o careca, o Letchkov! Eliminou a Alemanha nesse mundial dos EUA.

LMC 29 de abril de 2010 às 12:01  

A massa associativa gostava dele, deu muitas provas de Sportinguismo. Foi pena a relação com o Sporting ter acabado em litígio.
O guarda redes do Sporting era nem mais nem menos do que Paulo Rebelo da Banha Costa,vulgo "Costinha", o pior que ocupou o lugar a seguir ao Rui Patricio. Se alguém o tentar defender, que veja o video dele na final da taça de Portugal contra o Benfica a levar golos de boné na cabeça, ou uma supertaça com o Porto.

O Jogo da final da taça com o Maritimo foi de facto mítico, pois não ganhávamos nada há 10 anos e o Iorda matou o borrego com dois bons golos.Nessa altura aparecia o fenómeno Dani, Sá Pinto era cada vez mais um valor seguro, e Figo/Balakov/Peixe estavam de saída.
O presidente do SCP era o Santana Lopes, que nessa mesma época mandou um helicóptero sobrevoar o relvado de Alvalade para ver se este secava mais depresa.

Tomás Pipa 29 de abril de 2010 às 13:15  

lolol...isso do helicoptero é verdade?

Veli,de facto em Alvalade, os jogadores que ficam na memória dos adeptos são aqueles que dão tudo (convém ter algum jeito senão o Grimi também não será esquecido. Iordanov e Sá Pinto, desde que eu gosto de futebol, são talvez os maiores ícones que vi em Alvalade. Depois há Oceano e haverá Liedson obviamente! Barbosa por exemplo, tanto é adorado pelo seu génio como é criticado pela sua discplicência.

Se alguém aqui conhecer Costinha, que tente convencê-lo a ir para o futebol de praia! Seria lindo, Costinha de boné no areal acompanhado por 11 Bilro!

João 29 de abril de 2010 às 14:48  

Bem Tomás, Grande Iorda!Eu nunca segui muito a carreira dele, não gostava muito dele porque não era goleador mas a paixão dele pelo jogo e pelo sporting era um exemplo para todos! Se tivesse seguido mais, provavelmente teria-o em melhor conta, penso que estará ao nível ou próximo de Sá Pinto. Merece a festa de homenagem que terá!Coitado, já no fim da carreira via-se que já estava diminuído em devido à esclerose múltipla. Já uma vez falamos aqui muito nessa mítica selecção búlgara! Eu também preferia o Letchkov, mas penso que o Ivanov teve maior fama que o 1º como disse o João.

Tomás Pipa 29 de abril de 2010 às 14:54  

Ivanov fazia lembrar Dinis do Beira-Mar. Letchkov era o Zidane Búlgaro,grande golo que ele marcou de cabeça à Alemanha nos 1/4 final de 94'

Pedro Veloso 29 de abril de 2010 às 15:01  

Lol Champal exijo documentação que prove isso do helicoptero! Haha lindo

LMC 30 de abril de 2010 às 04:03  

Não te lembras? Não vi na net, mas lembro me perfeitamente do Santana Lopes a explicar isso na televisão!

João 30 de abril de 2010 às 10:00  

Não sabia disso LMC mas encontrei referência a isso numa bela entrevista do Peixe ao I!É simplesmente lindo! Está na pergunta " Por falar nisso, como foi parar ao FC Porto, sendo um produto de Alvalade?":
http://www.ionline.pt/conteudo/43282-peixe-eu-e-o-feher-jogamos-squash-s-escondidas-do-fc-porto

Deixo-vos esta notícia de João Alves que que transferiu para o Everton do Aves.Será que não é bom para melhores voos cá dentro? N
ao o conheço mas dizem que faz lembrar o pauleta:
http://www.skysports.com/story/0,19528,12040_6120931,00.html

Tomás Pipa 30 de abril de 2010 às 13:59  

João Silva acho eu. Nunca o vi jogar, só sei que é o melhor marcador da II Liga. Não acho que digam que ele faz lembrar o Pauleta pelo estilo de jogo, mas sim pela história